Pesquisadores em busca de vacinas brasileiras contra Covid-19 alertam para a falta de financiamento federal

De acordo com O Globo, candidadas a imunizantes precisam, em geral, de R$ 200 milhões cada para os testes; nesta segunda, secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia garantiu que verba para pesquisas na área estão entre prioridades

A ButanVac, candidata a vacina contra a Covid-19 pesquisada pelo Instituto Butantan e um consórcio internacional, é uma exceção na trajetória dos estudos brasileiros de imunizantes para conter a pandemia. Enquanto ela aguarda o aval da Anvisa para começar os testes em humanos e, a princípio, não enfrenta dificuldade de financiamento (os valores não são revelados pelo Butantan, ligado ao governo de São Paulo), outros projetos do país dependem de recursos federais que nem sequer sabem se existirão.

O caso mais emblemático é o da Versamune, pesquisada pela USP de Ribeirão Preto e a startup Farmacore, com recursos privados e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Seu pedido para estudos clínicos junto à Anvisa foi protocolado em 25 de março, horas antes do da ButanVac, no dia 26. A candidata acabou ganhando uma coletiva de imprensa feita às pressas pelo ministro Marcos Pontes após o evento do Butantan com o governo de São Paulo.

Desde o final de março, no entanto, os recursos para os estudos em humanos minguaram para a Versamune. Uma emenda no Orçamento que garantiria R$ 200 milhões para isso foi vetada por Bolsonaro na última semana, um dia após o presidente receber Pontes e propagandear o projeto do imunizante em sua live semanal. A Farmacore não comenta o veto nem explica como o projeto seguirá diante desse corte. Em nota, a empresa afirma que continua se preparando para as fases 1 e 2 dos testes em voluntários, que aguardam aprovação da Anvisa para início. Procurado, o ministério não respondeu como manterá o financiamento.

Os R$ 200 milhões são uma espécie de “número mágico” também para dois outros projetos promissores de vacina no país: o da UFMG com a Fiocruz Minas, liderado pelo imunologista Ricardo Gazzinelli, e o da USP em parceria com Unicamp e Unifesp, sob o comando do imunologista Jorge Kalil. Ambos encontraram resultados animadores até agora nos testes com animais e calcularam que precisariam desse valor do governo federal para avançar para os estudos com humanos nos próximos meses. A relação de parceria entre a gestão de Marcos Pontes e esses pesquisadores se dá por meio da Rede Vírus, uma linha de apoio a ideias para combater a pandemia, criada em 2020 pela pasta.

Leia na íntegra em: O Globo.

Secretário garante que verba para pesquisa de vacina nacional é prioridade

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse nesta segunda-feira (3) que a recomposição da verba para o financiamento de pesquisas da Versamune, vacina brasileira contra a covid- 19 anunciada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, está entre as prioridades do governo federal.

“Já está em estudo quais procedimentos para recomposição dessa dotação [da vacina brasileira]. É um assunto prioritário na agenda, vai ser discutido. Não posso antecipar, mas afirmo que esse é um assunto prioritário, estará na Junta de Execução Orçamentária [composta pelo Ministério da Economia e pela Casa Civil]. Existem pelo menos três alternativas para serem desenhadas”, adiantou Waldery, ao participar da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado.

Quase R$ 30 bilhões que seriam destinados à pesquisa do imunizante apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações foram alvo de vetos presidenciais e contingenciamento. Segundo o governo, as medidas foram necessárias para ajustar a peça orçamentária de 2021. Aos senadores, Waldery garantiu que à época que o veto presidencial, o corte adicional de recursos para a vacina brasileira não estava “explícito”.

Saiba mais: Agência Brasil