“A Universidade deveria ser para poucos” & outras alucinações ministeriais

Coluna de Clara Diniz e Bruno Lazzarotti Diniz Costa, no Estadão, destaca afirmações mentirosas do ministro Milton Ribeiro e apresenta as devidas correções

Clara Diniz, Estudante de Administração Pública na Fundação João Pinheiro, trabalha na Diretoria de Gestão do CADUNICO- MG, colabora com o Observatório das Desigualdades, com o Desencarcera MG e com a Juventude do Partido dos Trabalhadores

Bruno Lazzarotti Diniz Costa, Doutor em Sociologia e Política (UFMG). Professor Coordenador do Observatório das Desigualdades

Na segunda-feira, dia 10 de agosto de 2021, o ministro Milton Ribeiro em entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil, deu uma série de declarações “polêmicas” sobre o ensino superior. Nesse post, vamos analisar brevemente algumas afirmações do ministro. Em primeiro lugar, porque o debate de ideias, baseadas em razão, fatos e evidências, é sempre necessário na democracia. Mas também porque, segundo a Agência Aos Fatos (2021), em 951 dias, o próprio presidente deu 3590 declarações falsas ou distorcidas; portanto, é necessário analisar com cautela as declarações provenientes do Executivo Federal.PUBLICIDADE

Primeira afirmação: “Na Alemanha são poucos os que fazem Universidade”

Ao se referir a outros países que passaram a investir no Ensino Técnico, ao invés do Ensino Superior, o ministro Ribeiro cita a Alemanha como um país em que as universidades seriam para poucos, ou nas palavras do ministro “deveriam ser reservadas a uma elite intelectual”. A política educacional da Alemanha realmente tem uma ênfase no Ensino Técnico. No entanto, mesmo sem entrarmos nos aspectos relacionados às desigualdades entre formados no técnico e na universidade ou nas especificidades do ensino técnico no Brasil e na Alemanha, cabe destacar que a taxa atual de entrada de jovens no Ensino superior alemão é 45% .

No Brasil, segundo dados do SIS compilados pelo IBGE, a taxa de jovens de 18 a 24 anos que entraram na universidade é 32,7%. Assim, mesmo se compararmos com a política educacional alemã, ainda estamos longe de alcançarmos as mesmas taxas de entrada de jovens no Ensino Superior. Por isso, voltamos a constatar, é preciso continuar investindo na expansão do acesso a este nível de ensino.

Leia na íntegra: Estadão